terça-feira, 22 de maio de 2012

Apenas laço o pensamento que escapou-me pelos dedos

A manhã chegou branca sem o sol explosivo,
mas sei eu que ele está presente 
acima das nuvens
Minhas lembranças brancas tocam no sistema
que ilumina toda a região com o líquido
que permeia todo o planeta
e os planetas que ora retiro das cavernas 
de meu pincel,
e branca, e úmida será a pintura
que se estende no centro de minha criatura,
de tua criatura

Recordando dos muitos banhos de rio,
das chuvas que se despedaçaram
sobre esses emaranhados cabelos,
das mãos brancas de minha adorada avó 
Eugênia Planchêz

Oh grande vida que me faz conhecer 
o dom de nada fazer
e obter das palavras o desenho imperfeito!

No verão que construo 
com a pena que nunca deixou os meus dedos,
armo uma rede tecida com as celulas do sangue dos que amei,
dos que me amam, dos que me amaram, 

dos que ainda...

E essas múltiplas pernas jamais cansam de escalar os lajedos,
a aspereza do nobre tropel do cavalo vespertino...
E eu tenho tantos barracos e castelos
espalhados pelas salas das casas
que habitei no tempo,
e eu tenho tantas alturas, 

sou mais alto e mais baixo
que a compreensão de nunca ter possuído 

um único oceano

Nada conquistei, apenas me conquisto,
apenas laço o pensamento 

que escapou-me pelos dedos
e o transformo em tinta,
tinta essa que se espalha 

nos contornos de meu rosto
e de teu rosto

         ( edu planchêz)

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